AMB nas ruas e nas redes: comunicando a luta feminista

Sabemos que produzir e protagonizar nosso próprio processo de comunicação é essencial para a luta. Sobretudo nesta era digitalizada, a tecnologia e a internet têm sido armas nas mãos do capitalismo e da extrema-direita; seu uso perverso abriu uma porta para desestruturar democracias. Com isso, a comunicação se tornou o centro de uma grande disputa no Brasil e no mundo. Ainda que essa correlação de forças seja bastante desigual para nós – dentro desse sistema patriarcal, racista e capitalista -, é urgente investir na comunicação para produzir nossa contra narrativa, capaz de disputar que a história seja contada e comunicada por nós (sujeitas dela), criando memória, disputando narrativas e democratizando a informação.

Por isso apostar em uma estratégia de comunicação neste 8 de março foi mais um passo fundamental para estruturar a comunicação feminista e antissistêmica da AMB, para comunicar e visibilizar nossas lutas e ações nos territórios por todo Brasil. O planejamento comunicacional uniu uma identidade visual robusta, uma equipe de militantes da comunicação da AMB, a elaboração de materiais e estratégias específicas para cada ferramenta e plataforma, além da construção de cobertura colaborativa e de um engajamento nas redes coletivizado com a militância. Também conseguimos agregar a prática da descrição de imagens nas postagens e materiais digitais, dando um passo importante para uma comunicação inclusiva e acessível para pessoas com baixa ou sem visão.

Todos os materiais foram construídos a partir do Manifesto do 8 de março da Articulação de Mulheres Brasileiras. A identidade visual foi produzida pela artista Luiza Morgado e contou com o trabalho da designer Jéssica Nunes. Com bastantes personagens e detalhes, a ideia foi construir uma imagem do encontro de mulheres diversas e organizadas na luta – envoltas pela trança que faz parte da logomarca AMB – com nossas cores, estética e artivismo. A arte foi feita a partir de uma técnica artesanal conhecida como linogravura, que consiste na gravação da imagem em uma matriz (processo semelhante à xilogravura).

8M. Sobre a borracha sintética, o desenho em relevo: No alto, escrito invertido: Pela Vida das Mulheres. Abaixo, diversas mulheres em diferentes situações. Uma mulher segura o estandarte da Articulação de Mulheres Brasileiras. Algumas mulheres batem tambores, uma fala ao megafone. Uma mulher indígena com o braço erguido, outra, segura um cartaz escrito: “Contra o fundamentalismo”. Uma mulher segura um bebe no colo e duas mulheres negras fazem selfie. Uma mulher cega ergue a bengala, enquanto outra, usa máscara e ergue uma bandeira. Na parte inferior, escrito invertido: Articulação de Mulheres Brasileiras.
#PraTodesVerem: 8M. Sobre a borracha sintética, o desenho em relevo: No alto, escrito invertido: Pela Vida das Mulheres. Abaixo, diversas mulheres em diferentes situações. Uma mulher segura o estandarte da Articulação de Mulheres Brasileiras. Algumas mulheres batem tambores, uma fala ao megafone. Uma mulher indígena com o braço erguido, outra, segura um cartaz escrito: “Contra o fundamentalismo”. Uma mulher segura um bebe no colo e duas mulheres negras fazem selfie. Uma mulher cega ergue a bengala, enquanto outra, usa máscara e ergue uma bandeira. Na parte inferior, escrito invertido: Articulação de Mulheres Brasileiras.
#PraTodesVerem: Três mulheres diversas com lenços roxos no pescoço, uma delas usa uma boné preto, sorriem para foto segurando uma camiseta branca com a ilustração do 8 de março AMB estampada em roxo. Ao fundo se vê uma bandeira roxa, verde e laranja.

Estruturar nossos materiais de comunicação – faixas, lambes (cartazes), camisetas, adesivos, entre outros – contribuiu para fortalecer e visibilizar nossa presença nos territórios. Um destaque especial foi a transformação do manifesto AMB em cordel, fruto de um trabalho realizado por poetas de cinco estados: Cidinha Oliveira (SE), Hyarla Rodrigues (RN), Marcilene Ribeiro (PI), Maria Maranhão (SP), Sônia Maria Sales (PE) e Valdilene Cabral (PE). Para as companheiras dos agrupamentos, que distribuíram o livreto nos atos, ‘cordelizar’ o manifesto agregou ao documento esta importante linguagem da cultura popular de muitas regiões, aproximou as pessoas de nossas elaborações sobre a luta e fortaleceu o nosso artivismo.

Já nas redes sociais a estratégia deste ano nos rendeu um aumento significativo dos números de visibilidade e engajamento. Em relação ao Instagram, por exemplo, foram alcançadas 62% de contas (16 mil) a mais que em meses anteriores; e um aumento de 224% de interações nas publicações. No twitter esse impacto praticamente duplicou a quantidade de seguidores no perfil AMB e chegou, apenas no mês de março, a mais de 29 mil impressões. O aumento desses números, que permitiu impulsionar nosso alcance nas redes, foi fruto da nossa ação coletiva: tanto pelo fortalecimento da equipe de comunicação quanto pelo engajamento da militância. Se pararmos pra pensar, a lógica não é muito diferente de quando ocupamos as ruas: quanto mais companheiras nas ações, maior nossa visibilidade; quanto mais panfletos para distribuir, mais braços precisamos. Para isso, quanto mais gente melhor, certo? Bom, nas redes é igual. Se queremos que nossa mensagem extrapole as bolhas é preciso engajar!

Apesar de todos os desafios de nosso contexto no Brasil, nosso março de luta feminista esse ano foi bonito e potente. Somamos ainda na construção da comunicação nacional do 8 de março unificado com parcerias e aliadas, marcamos presença nas redes e nas ruas de todo país, produzimos dentro e fora da AMB uma comunicação que recorda, reforça e potencializa nosso desejo de um mundo mais justo.

#PraTodesVerem: Ilustração de traço fino vazado, em cor roxa, que retrata uma mulher de cabelos ondulados na altura dos ombros, falando em um megafone.