Quem somos

A Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) é um movimento feminista, antirracista, anticapitalista, antipatriarcal e não partidário. Lutamos pela democratização radical do Estado brasileiro e da vida social. Estamos organizadas em diferentes estados do Brasil em redes, fóruns, articulações e coletivos de mulheres e atuamos a partir de Coletivas de Luta e com o apoio de uma Coordenação Nacional.

A partir de uma construção política horizontal, garantindo a autonomia de cada território, atuamos para intensificar a força política e a voz das mulheres brasileiras no cenário nacional e internacional e para a construção de uma sociedade baseada na igualdade de gênero, raça/etnia e classe, na justiça socioambiental, no respeito aos territórios e modos de vida dos povos indígenas e em que os direitos sociais, a igualdade e a autonomia das mulheres sejam garantidos.

No contexto de autoritarismo que estamos vivendo, temos resistido fortemente, junto a outros movimentos sociais e às mulheres que lutam em diferentes âmbitos da sociedade, contra o desmonte do Estado Brasileiro, o crescimento do conservadorismo e em defesa da democracia.

A AMB surge do processo de mobilização dos movimentos de mulheres brasileiras para a IV Conferência Mundial sobre a Mulher, Desenvolvimento e Paz da ONU, realizada em Beijing (China), no ano de 1995. Nosso marco de surgimento se dá em 1994, no Rio de Janeiro, quando feministas brasileiras organizaram uma reunião para definir os rumos e o envolvimento das mulheres brasileiras naquela Conferência.

O processo Beijing estimulou a reorganização de fóruns e articulações nos estados, através de encontros e da produção de documentos com propostas das mulheres para o governo e a sociedade. A culminância desse processo de mobilização se deu na Conferência de Mulheres rumo a Beijing, em junho de 1995, no Rio de Janeiro, com a presença de 700 militantes.

Após a Conferência de Beijing, foi unânime a decisão de dar continuidade à articulação e nos dedicamos a monitorar a implementação da Plataforma de Ação Mundial (PAM) de Beijing, exigindo do Estado brasileiro o estabelecimento de direitos e políticas públicas para as mulheres. A partir de então, a AMB se afirmou no campo dos movimentos sociais como uma organização que articula e potencializa a luta feminista das mulheres brasileiras nos planos local, nacional e internacional, buscando fortalecer o caráter contra-hegemônico da luta feminista e aprofundar a democracia no Brasil.

Na nossa luta para transformar o mundo pelo feminismo, atuamos a partir da compreensão de que as desigualdades de raça, de classe e de gênero dão lugar a um contexto repleto de interdições à autonomia das mulheres, que incide sobre a nossa subjetividade e sobre a nossa integridade física e emocional em espaços públicos e privados. A imbricação destas opressões dá lugar a experiências distintas para as mulheres em seus diferentes contextos e a sua superação exige a articulação de diferentes lutas. Por isso, acreditamos que a luta das mulheres não pode prescindir do enfrentamento ao capitalismo, ao patriarcado, ao racismo, à lesbotransfobia e à destruição cultural e ambiental dos nossos territórios, que estruturam as desigualdades que vivenciamos.

O fortalecimento da auto-organização das mulheres é um dos objetivos centrais da AMB, sendo toda a nossa ação e nosso modo de funcionamento orientados para o fortalecimento dos movimentos de mulheres e feministas. Para nós, a auto-organização das mulheres é fundamental para a elaboração de um jeito novo, feminista, de fazer política, que abarque a pluralidade das nossas vidas e das nossas formas de expressão, valorize o autocuidado e cuidado entre nós e fortaleça a solidariedade entre as mulheres, acumulando forças para as nossas lutas.

Diante da profunda crise política que vivemos no Brasil e no mundo, com o avanço de forças conservadoras, antidemocráticas e neoliberais, seguimos atuando na luta antipatriarcal, antirracista, anticapitalista, na defesa de direitos sociais e da democracia que queremos, fazendo a disputa de ideias na sociedade a partir da força política feminista. Seguimos lutando pela libertação dos nossos corpos, no combate à mortalidade materna, pelo direito ao aborto, pelo direito ao prazer e a ter relações sexuais com quem queiramos, sabendo que a política do corpo não se refere apenas aos direitos sexuais e direitos reprodutivos, mas também à nossa soberania alimentar e à autonomia dos nossos territórios.

Comprometidas com a revolução feminista, seguimos na batalha cotidiana para transformar o mundo, nossos movimentos e a nós mesmas, para que nossas lutas tenham a radicalidade da justiça e da igualdade, e para que nossos sonhos, pensamentos, práticas libertárias e emancipatórias sejam reais agora e sempre!