Por Kathlen, nem um minuto de silêncio! Vidas negras importam!
08 de junho de 2021, mais uma pessoa negra morta pela polícia do Rio de Janeiro. Outra bala perdida que encontra um corpo negro. Dessa vez, uma mulher de 24 anos, no Lins. Em vez de uma arma na mão, ela carregava a esperança e 04 meses de uma gravidez interrompida pela violência do estado. Kathlen Romão foi atingida durante troca de tiros na Zona Norte da cidade, uma rotina que tem matado cotidianamente jovens negros no RJ, mesmo com uma liminar do STF que proibiu operações policiais nas favelas durante a pandemia.
Dados do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF (Geni/UFF) mostram que as polícias fluminenses mataram mais em 2021 do que nos meses anteriores à decisão do STF, em 2020. Antes da liminar, as médias mensais de operações policiais e de mortos após intervenção policial foram de 32,8 e 133, respectivamente. No início de 2021 a média mensal aumentou: são 41,7 operações por mês e 134 mortes por agentes policiais.
Kathlen foi vítima da violência de Estado e do governo assassino de Cláudio Castro, responsável pela política de segurança pública que provoca mais mortes em todo o Brasil. Enquanto no País 13% das mortes violentas são cometidas por policiais, no Estado do Rio de Janeiro esse índice chega a inaceitáveis 38%. Essa política de morte que viola não só o direito à vida, mas também nega às mulheres, sobretudo negras, condições seguras e dignas para gestarem, parirem e criarem filhos e filhas negras sem violência.
Exigimos o cumprimento da ADPF das Favelas e o fim das abordagens truculentas e violentas.
Exigimos que a PM do RJ pare imediatamente de matar! Queremos justiça para Kathlen e nos solidarizamos com seus familiares, amigos e amigas.
Carta Aberta – AMB Rio
09 de junho de 2021