Atualizado em 07/07/2021

Há algum tempo a Articulação de Mulheres Brasileira – AMB sonhou com a criação de uma nova identidade visual que pudesse traduzir o que somos, traduzir nossas lutas, e que dialogasse com nosso mote principal: “Transformar o mundo pelo Feminismo“. 

O nosso movimento tem 25 anos de luta e foi preciso mergulhar fundo na nossa história e no que construímos esteticamente ao longo desse percurso para pensar que forma teria a nossa nova identidade visual.

Estética e Política

Entendemos estética como uma relação de fruição que gera sentidos para o que é visto por quem o vê, escuta, toca ou simplesmente sente. Sentidos que elevam, comovem, produzem transcendência, nos constituem como sujeitos. No caso da estética feminista da AMB, ela quer promover tudo isso em relação a nós mulheres que a compomos, mas também quer transmitir aos outros movimentos sociais e à sociedade em geral, valores, princípios e crenças nas quais nos formamos. Por isso a nossa estética é expressão do nosso projeto ético-político.

O nosso compromisso com a autonomia exige criatividade e a nossa estética é orientada pelo nosso anseio de liberdade. Não vestimos camisetas iguais ou da mesma cor nas manifestações. Na contra-mão disso, escolhemos modelos e cores diversas com distintas mensagens, mas que guardam nossa força juntas. Somos um movimento que faz rodas, canta e dança ao som de batucadas. A nossa forma de lutar nos traz alegria e força para enfrentarmos o cotidiano e as estruturas que nos oprimem. 

Não vamos nunca nos subordinar, aceitar ordens ou seguir a linha ditada pelo Estado, pelas igrejas, pelos partidos políticos, ou mesmo por outros movimentos sociais. Somos um movimento feminista antipatriarcal, antirracista e anticapitalista, construído por diversas vozes, que ecoam na forma insubmissa como nos colocamos no mundo.

Definimos as nossas posições políticas autonomamente, mas isso não significa que atuemos isoladas, nossas posições incorporam elementos dos debates dos movimentos com os quais nos alinhamos. Nossas alianças prioritárias são com outros movimentos de mulheres, mas compomos o campo político dos movimentos sociais de forma mais ampla.

A nova identidade visual da AMB expressa um pouco de tudo isso. Expressa a nossa perspectiva de nos organizarmos cada vez mais horizontalmente, criando espaços de circularidade, nos quais todas nós, a partir de nossos lugares diversos no mundo, possamos fluir nos nossos debates internos, nossas tomadas de posição políticas. Buscamos uma forma que expressasse a nossa autonomia, ou seja, a insubordinação às instituições do sistema de exploração e dominação no qual vivemos. 

Identidade viva e múltipla

A diversidade que compõe o nosso movimento dá lugar a uma visão imbricada sobre nós mulheres e nossas realidades distintas e desiguais. Somos mulheres cotidianamente atravessadas por desigualdades de classe, de raça e etnia, de sexo e de identidade de gênero. Somos mais velhas e mais jovens, das capitais e do interior. E tudo isso se mistura na AMB para construir um movimento feminista nacional de luta.

A afirmação de uma estética própria foi e é importante para nossa visibilidade política nos processos de luta e mobilizações. Em nossos debates internos sobre estética e tática, encontramos uma grande diversidade de perspectivas em nossos agrupamentos. A afirmação da nossa diversidade, aliada à importância e ao desejo de termos uma identidade visual nacional, nos trouxe até aqui. As cores são roxo, laranja e verde, que já marcam nossos chapéus, tranças e outros símbolos de luta que vamos criando na nossa caminhada.

A nossa nova identidade assume uma forma viva e múltipla. É movimento e diversidade. A logomarca é o principal elemento do projeto gráfico da nossa nova identidade visual, que foi assinado pela designer e artista Isabella Alves, expressando força, horizontalidade, laços, articulação, circularidade e fluidez.