Nota – Tuíre, presente!

Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) vem se solidarizar com parentas, parentes e amigas/os da nossa guerreira Tuíre Kayapó que no último sábado, em 10 de agosto, ancestralizou.

Nossa Guerreira indígena se notabilizou em 1989, com 19 anos de idade durante uma audiência em Altamira (PA) sobre a construção da hidrelétrica de Belo Monte. O então presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz, fazia sua fala quando Tuíre se aproximou e colocou um facão no rosto do homem.

A imagem, captada por repórteres fotográficos que acompanhavam a audiência, virou um símbolo da resistência indígena contra o avanço de projetos econômicos que colocam em risco a preservação das florestas e do modo de vida tradicional dos povos originários.

Neta do lendário cacique Raoni Kayapó, Tuíre Kayapó Mẽbêngôkre, foi uma líder histórica do movimento indígena e inspiração para as jovens na construção do protagonismo das mulheres indígenas. Ela protagonizou uma revolução social lenta, silenciosa, gradual, que vem alavancando mulheres líderes e guerreiras, geradoras e protetoras da vida, que se posicionam com firmeza quanto às questões antropológicas e as violações que afrontam seus corpos e territórios, passando por temas ligados à saúde, educação, violência e igualdade de decisões.

Foi ela quem liderou a comitiva Kayapó durante a marcha “Meu corpo, meu território”, no 1º Encontro Nacional de Mulheres Indígenas, que em agosto de 2019 reuniu mais de duas mil mulheres em Brasília (DF).

Tuíre também esteve na luta contra o Marco Temporal. Em depoimento afirmou que “nossa vida é a floresta, a Amazônia. Estamos sempre vivendo na floresta, no rio. Nós nos acostumamos a morar dentro da Amazônia, porque a Amazônia está lá nos guiando. Lá nós nos alimentamos bem e não tem doença, nenhuma doença. Por isso o pessoal não pode destruir nossa Amazônia, nossa floresta. Eu não quero. Porque senador vive na cidade, deputado vive na cidade. Eles não moram dentro da floresta. Nós não, nós vivemos na floresta, na Amazônia. Por isso que eu não quero o Marco Temporal, eu não quero”.

A grande mestra, guerreira e sábia agora está encantada, ancestralizou. E seguirá viva na luta e na história.

Tuíre, presente!