Nota em solidariedade às vítimas de assédio
Nós, da Articulação de Mulheres Brasileiras, expressamos nossa solidariedade à Ministra Anielle Franco e às demais vítimas de casos de assédio praticados pelo então ministro dos Direitos Humanos.
A luta contra o patriarcado é parte indispensável da luta antirracista e da luta de classes, de todos que nela se engajam, em todos os espaços. Combater o poder dos homens sobre as mulheres, suas expressões de opressão e violência, é uma condição basilar do compromisso de governos e organizações com a vida e os projetos de meninas e mulheres, com a democracia, com os direitos humanos.
É preciso agir intransigentemente contra toda e qualquer forma de violência contra as mulheres, independente da condição de classe, raça, poder e filiação ideológica daqueles que a praticam.
O patriarcado, constitutivo de nossa formação, segue vivo. Denunciá-lo é uma das formas de combatê-lo em todos os espaços, para impedir o controle dos corpos e das vidas das mulheres.
O assédio moral e sexual é uma atitude de poder machista, racista e muito frequente no ambiente de trabalho, que visa constranger as mulheres no seu exercício profissional.
Exigimos que o governo adote medidas eficazes para prevenir e enfrentar casos de assédio, e dê seguimento às investigações com isenção, sem revitimizar as mulheres agredidas.
Exigimos a apuração imediata e rigorosa deste caso, seguindo o devido processo legal, pelos mecanismos que são conquista do movimento feminista, implementando e criando efetivas medidas institucionais na resposta a esta situação e na prevenção para que outras não venham a ocorrer, em todos os níveis da administração pública. Repudiamos a pressão e violência da especulação midiática conservadora, eivadas de misoginia e racismo.
É urgente que o governo brasileiro se comprometa a enfrentar a cultura patriarcal e racista no interior da administração pública, pois ainda não há espaços seguros para as mulheres se pronunciarem em relação ao assédio sexual e moral nestas instituições.
Em solidariedade feminista, nos colocamos ao lado daquelas que corajosamente denunciaram, lembrando que muitas outras podem ter preferido se calar, diante da dificuldade que é sobreviver às violências.