Miguel: mais um sorriso apagado pelas mãos do racismo

Neste segundo domingo do mês de maio, em que é celebrado o dia das mães em todo país, Mirtes, mãe de Miguel, ainda clama por justiça!

“Miguel, sua família e a mãe preta, que chora sua morte, são vítimas do racismo estrutural enraizado e escancarado nas relações de trabalho e na justiça de nosso país”. É o que disse a nota do Fórum de Mulheres de Pernambuco – FMPE lançada em 4 de julho de 2020, dois dias após a morte do menino Miguel, caído do nono andar de um edifício de luxo no Recife-PE.

“Só que o racismo não opera sozinho. Ele precisa do desprezo e da indiferença branca que diariamente se revelam nas práticas de omissão e violência de nossa elite e tem seu estopim diariamente quando leva à interrupção das vidas de pessoas e trajetórias pretas, neste caso, uma criança de cinco anos. Sarí Côrte Real é o nome da empregadora branca que não sentiu afeto pela criança negra enquanto ela chorava a ausência da mãe que, por sua vez, cuidava da família branca de Sarí”, diz um trecho da nota.

Mural grafitado em ação de justiça pela morte de Miguel. Foto: Reprodução redes sociais FMPE.

Há pouco dias de completar um ano da tragédia as injustiças no caso não pararam por ali. É o que denuncia o FMPE, em postagem em suas redes sociais, ao questionar os fatos ocorridos recentemente. “Você sabia que uma testemunha do caso foi ouvida sem que os advogados de Mirtes fossem avisados e pudessem estar presentes? Por que os advogados de Mirtes não foram chamados?”.

Ação de pintura

Nesta semana, Mirtes Renata de Souza e Marta Santana – respectivamente mãe e avó de Miguel – participaram de uma ação do Fórum de Mulheres de Pernambuco, em parceria com a Coletiva Cabras, que realizou a pintura de um grande mural para marcar os onze meses da mortes de Miguel, exigindo justiça e denunciando o racismo e absurdos que acontecem, até hoje, no caso.

Sobre a ação o Fórum colocou “Tivemos a honra de finalizar o mural na presença de Mirtes Souza e Marta, mãe e avó do menino Miguel Otávio. Para nós, é de enorme responsabilidade a presença dessas duas mulheres que há 11 meses vem transformando luto em luta. Reafirmamos nosso compromisso de permanecer juntas e ativas até o fim desta jornada por justiça”, declarou em suas redes.

O Forúm lançou uma campanha para pressionar o Tribunal de Justiça de Pernambuco. A ideia é que mais pessoas se somem nesta pressão por justiça e por respostas sobre o caso publicando, em suas redes sociais, vídeos ou fotos com a mensagem “Por que os advogados de Mirtes não foram chamados?” e marcando o Tribunal de Justiça de Pernambuco (@tjpeoficial) e a mãe de Miguel (@mirtesrenata). Participe!