Contra o Racismo e as Violações de Direitos das Mulheres Indígenas

Partindo do entendimento de que o racismo é um dos pilares mais firmes que estrutura as desigualdades, a Articulação de Mulheres Brasileiras tem reafirmado, ao longo da nossa história, nosso compromisso político com o fim da violência racial, pela desconstrução da ideologia racista e contra o etnocentrismo. Trata-se de um desafio permanente, que encaramos mirando a erradicação do tripé das discriminações por gênero, raça e classe, a superação das desigualdades produzidas e reproduzidas na sociedade, a ampliação dos direitos das mulheres negras e indígenas e o fortalecimento da democracia. São questões que se interseccionam e se alimentam e é a partir desta compreensão que a luta antirracista atravessa, então, toda a luta da AMB.

Enquanto um movimento que reúne mulheres negra, indígenas e brancas, buscamos construir nosso próprio olhar enquanto movimento feminista antirracista, no que se refere à nossa atuação e às nossas formas de organização, buscando também refletir criticamente sobre a branquitude e sobre como combater as desigualdades que existem entre nós. Construímos alianças locais e nacionais com movimentos de mulheres negras, mulheres indígenas e mulheres quilombolas, aprendendo com a lutas umas das outras, construindo nosso feminismo a partir da pluralidade de práticas e pensamentos do feminismo negro, lésbico, popular, indígena e tantos outros, que partem da vida concreta das mulheres. Estes debates e alianças tem nos levado a incorporar e fortalecer pautas importantes dentro da atuação da AMB, como a defesa dos territórios dos povos tradicionais, a denúncia do genocídio da juventude negra, o antiproibicionismo, a luta contra o encarceramento da população negra, a luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas, a defesa da política de cotas e outras políticas afirmativas, entre outras lutas.

Assim, realizamos ações próprias, campanhas nacionais e parcerias com os movimentos de mulheres negras e de mulheres indígenas, com as quais lutamos juntas, nos solidarizamos e nos engajamos nas lutas das quais são protagonistas. Ao longo das últimas décadas, participamos ativamente do processo preparatório para a Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância (ONU, Durban), em 2011. Em 2005 a AMB esteve ao lado das mulheres negras na da Marcha Zumbi +10 e participou da I Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Em 2011 lançamos a campanha nacional pelo fim da violência contra as mulheres negras intitulada “Solte seus cabelos e prenda o racismo”, que extrapolou a militância da AMB e ganhou amplitude, sendo seus materiais utilizados também por escolas e organizações do movimento de mulheres negras. Realizamos o Cabelaço, ações diretas em diferentes locais, nas quais organizamos de desfiles em praças públicas, queimamos pranchas de esticar o cabelo, as chapinhas, fizemos ações em salões de beleza nos shoppings, além de momentos de trocas de penteados afro e trançados, valorizando a identidade negra através do cabelo.

Ao longo do ano de 2015 produziu materiais e participou das marchas locais de preparação para a Marcha das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e Pelo Bem Viver, que aconteceu em neste mesmo ano, em Brasília, reunindo aproximadamente 50 mil mulheres, vindas de diferentes territórios e comunidades. Em 2019, participamos também da I Marcha das Mulheres Indígenas, um momento de fortalecimento de alianças entre a AMB e os movimentos de mulheres indígenas.

Ao longo da nossa história, temos fortalecido nossas alianças entre mulheres negras, brancas e indígenas para avançar no combate ao etnocentrismo, ao racismo e aos privilégios da branquitude e na construção do nosso feminismo antirracista!

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