Fórum Cearense de Mulheres lança dossiê confrontando os dados de feminicídios no Ceará

Nesta sexta-feira, 24, o Fórum Cearense de Mulheres/AMB publicou o resultado de sua pesquisa sobre feminicídios no Ceará, nos anos de 2019 e 2020.

Na perspectiva de confrontar mais uma vez os dados oficiais do governo do Estado, o Fórum Cearense de Mulheres (FCM) lançou hoje, dia 24 em Fortaleza, sua nova pesquisa para identificar e tipificar casos de homicídios de meninas e mulheres no Ceará.

Os dados confirmam a subnotificação do feminícidio pela SSPDS. Entre outras informações, o Dossiê mostra que segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), entre 2019 e 2020, ocorreram 58 feminicídios no estado. Destes, a SSPDS aponta que somente 7 teriam sido de meninas entre 0 e 19 anos. Porém, a pesquisa do Fórum Cearense de Mulheres revela que neste período ocorreram no mínimo 208 feminicídios, dos quais 50 foram de meninas entre 0 e 19 anos.

O Fórum afirma que embora só tenha abarcado metade dos casos, uma vez que não tinham mais acesso aos nomes das vítimas, “nossa pesquisa indica que em 2019 e 2020 ocorreram quase quatro vezes mais feminicídios do que o número registrado pela SSPDS. No caso das meninas, foram cinco vez e meia a mais”, destacou.

Para o Fórum essa subnotificação é inadimissível, pois “não se pode combater o feminicídio e a violência contra mulheres sem dados reais. Também consideramos que não é plausível aceitar que esses números, além de seguirem crescendo, sejam “escondidos” pela metodologia da SSPDS”. Por isso, o Fórum reinvidica que o governo adote imediatamente as Diretrizes Nacionais do Feminicídio como base para os inquéritos de morte violenta de meninas e mulheres. O Dossiê será apresentado na segunda, 27, em reunião com o Secretário de Segurança Pública do estado.

Assista também a ação realizada pelo Fórum Cearense de Mulheres no 8 de março 2023 para cobrar ao governo providências:

Para Analba Brazão do Fórum de Mulheres de Pernambuco, que participou da apresentação do dossiê, esta é uma enorme contribuição para a luta pelo fim da violência contra as mulheres. “Ele [o dossiê] não contribui apenas para a luta local, mas também para que outros estados possam se debruçar a partir desta experiência metodológica contida na pesquisa, que demonstra o quanto os dados oficiais dos feminicídios não condizem com a realidade”.

Analba destacou também que esta é uma experiência local que pode ser replicada nacionalmente. “Se no Ceará foi constatado que os números são bem superiores ao que se divulga oficialmente, nos instiga a pensar que não é um caso isolado e que nacionalmente estes números também podem ser superiores”, afirmou.

O Dossiê 2023: Contra-dados sobre feminicídios no Ceará pode ser acessado completo em nossa sessão de publicação e também no botão abaixo: