Da forma como está, se não morremos pelos vírus, morremos pelo descaso do governo!
Desde as eleições de 2018 estamos atuando em oposição ao governo Bolsonaro, na resistência a tudo que ele representa. A pandemia chegou e expôs o autoritarismo e a ineficiência do governo federal, que seguiu atuando em benefício dos representantes do lucro acimadas vidas, disseminando falsa informação e negando a gravidade da pandemia, cortando direitos e sendo negligente com sua responsabilidade de cuidar da população. A crise sanitária instalou-se e aprofundou a crise política e social resultando em fome, aumento da pobreza e mais violência. Persistimos na estratégia de derrubada deste governo.
Centramos nossa luta na defesa da cassação da chapa Bolsonaro e Mourão entendendo que era a proposta que avançava para além do Fora Bolsonaro e que já instalava a ideia de que esse governo nem deveria ter sido eleito pelas irregularidades durante a campanha (corrupção eleitoral, disseminação de fake News, dentre outras acusações a serem julgadas pelo TSE). Assim, seguimos na denúncia sobre o governo, a conivência das instituições com a ruptura democrática no país imposta desde o golpe de 2016 e ampliando nossa crítica ao bolsonarismo como fenômeno a ser combatido. Fizemos essa luta junto com outros espaços que construímos a luta feminista antissistêmica. Assim, adotamos a luta “Fora Bolsonaro e Fora Mourão”, agregando lutas emergenciais como direito às vacinas, pela renda básica, pelo fim da violência contra as mulheres, população negra e periférica, indígenas e quilombolas. Ao mesmo tempo, fortalecemos nossas redes e ações de solidariedade de cuidado e autocuidado entre nós para nos acolher, nos apoiar, dando mais condições de sobreviver e suportar os brutos tempos que vivemos.
Já estamos no 3º ano desse governo e a cada dia aumenta mais o desemprego, a miséria, a fome, despejos de populações, os trabalhos precários e a expansão dos trabalhos análogos à escravidão, a destruição da natureza, a violação dos territórios e a crescente escalada da violência cometida por garimpeiros contra comunidades indígenas, o aumento da violência dos agentes do estado contra a população negra, indígena, lgbti e periférica, somados à liberação da posse e porte de armas, que contribui para o crescimento do feminicídio em números alarmantes. Crescem também os assassinatos de defensores de direitos e suas prisões ilegais, cresce a violência contra as meninas e mulheres, a perseguição à nossa autonomia sexual e reprodutiva. Com aumento exponencial da contaminação por COVID-19 e novas cepas do vírus estimulada por essa necropolítica, com a falta de leitos hospitalares, de equipamentos, oxigênio, medicamentos, nos tornamos o país com o maior número de mortes maternas. O Brasil é responsável por mais de 51% das mortes por Covid de toda a América do Sul, já ultrapassamos 500 mil mortes (são 944.674 vítimas no continente) e somos o 8º país do mundo com mais mortes por covid-19 por milhão de habitantes!
A proposital falta de gestão sobre a pandemia no Brasil, vem ampliando o fosso das desigualdades, servindo de desculpa por parte de um governo autoritário para mais violações, desmontes de direitos e de acesso a serviços e políticas, além de servir para a contínua desinformação sobre a situação do país. Tudo isso e mais a venda de nossos bens comuns, o aumento exponencial da corrupção para sustentar os políticos bolsonaristas, tem tornado insustentável a vida do povo brasileiro e de nós mulheres que carregamos o ônus cotidiano do desmonte, da falta de equipamentos sociais e de cuidado de nossas famílias. Este cenário avassalador nos convoca ainda mais a somarmos força, articulação e mobilização pelo fim desse governo. Porque, da forma como está, se não morremos pelos vírus, morremos pelo descaso do governo. Precisamos voltar com força a dizer EleS não!!!
Vamos marcar presença e nos colocarmos fortes nesse enfrentamento, seja com nossas ações nas redes sociais, seja também – e na medida do possível – com nossa voz, ações performáticas, bandeiras, faixas, lambes, outdoor também nas ruas. Que voltemos a pensar formas de ocuparmos as ruas novamente! E com os cuidados necessários diante da pandemia.
E, com essa energia que nos mobiliza em nosso feminismo antipatriarcal, anticapitalista e antirracista, precisamos dizer um basta a esse governo! E somar nas mobilizações para derrubar esse governo genocida. Puxadas por uma grande articulação feita pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, junto com a Coalizão Negra Por Direitos, várias centrais sindicais e movimentos, entre esses os feministas, além do segmento de artistas, entre outros, somos chamadas a nos somar às manifestações em nossos estados.
É preciso barrar estes governos autoritários, representantes neoliberais do lucro sobre vidas, mote que vimos ser defendido o tempo todo por Bolsonaro e seus representantes – seja na política, no empresariado, nas representações das igrejas cristãs de expressões fundamentalistas – e demais aliados que sustentam sua política de extermínio de um povo, de uma nação!