Ciclo de Diálogos – Fórum de Mulheres de Pernambuco
Nos dias 05, 12 e 19 de fevereiros de 2022 o Fórum de Mulheres de Pernambuco e o Coletivo de Mulheres de Jaboatão dos Guararapes se encontraram para fazer um ciclo de rodas de conversa com mulheres sobre violência contra a mulher, que rolaram na Escola Néstor Gomes que fica no bairro de Vila Rica – Jaboatão dos Guararapes.
No primeiro dia (05/02) mais de 15 mulheres da periferia do município de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, participaram e marcaram o dia com depoimentos fortes de vivências de violência por ser mulher em uma sociedade machista. Em uma análise, durante a roda de conversa, sobre a rede de atendimento à mulher em situação de violência as companheiras de Jaboatão dividiram a frustração com o poder público, que não disponibiliza no município nenhuma Casa Abrigo, além disso falta empenho do município em fortalecer e divulgar os equipamentos sociais públicos de combate à violência à mulher.
“Dentro de casa, todas nós sofremos violência psicológica e já passamos pela lua de mel. Esse ciclo é uma preparação para baixar a sua autoestima”
Neide Silveira, do Coletivo de Mulheres de Jaboatão dos Guararapes
A violência contras as mulheres passa também pela divisão sexual do trabalho, muitas de nós ainda possuem o trabalho doméstico – sendo, ainda, as responsáveis por limpar, lavar e cuidar dos filhos – como fonte de renda e a não identificação dessas atividades enquanto trabalho e, consequentemente, a desvalorização dele nos coloca em situações de vulnerabilidade social. Dividir e compartilhar as tarefas domésticas é pra ontem!
As mulheres enfrentam diversos desafios para estar em um ambiente que possam trocar experiências e crescer umas com as outras. Um deles, é com quem deixar seus filhos e filhas enquanto estão fora de casa. Esse cuidado com as crianças, também está relacionado ao trabalho reprodutivo e de cuidados, faz parte da divisão justa do trabalho doméstico. Na nossa cultura machista e patriarcal foi dito que o trabalho reprodutivo era de responsabilidade das mulheres e por isso é tão difícil para elas ocuparem outros espaços. Pensando nisso foi organizado também um espaço para as crianças, com companheiras educadoras que prepararam muitas atividades para os pequenos, como rodas de leituras, oficina de desenho e outras brincadeiras.
A união de mulheres em redes e grupos têm sido importantíssima para que elas tenham mais forças para superar todo tipo de violência e para o combate da desigualdade de gênero, a união entre mulheres é essencial para o fortalecimento de uma sociedade justa para todes, onde viver uma vida sem violência seja direito e não privilégio.
No segundo dia de diálogo (12/02) houve um resgate do que foi debatido anteriormente, compartilhando umas com as outras as vivências e pontos em comum nas realidades diversas das mulheres, através da brincadeira e da arte. A partir de imagens as mulheres refletiram sobre suas narrativas, fizeram colagens que expressaram seus sentimentos e suas estratégias de sobrevivência em uma sociedade machista e racista.
No terceiro e último dia (19/02) de atividade começou com muitas cores e diversão, para homenagear o carnaval saudoso, com alongamento e dinâmica musical. Em seguida se conversou sobre a prevenção da COVID-19 e da gripe H3N2, depois o papo foi sobre sexualidade, cultura do estupro e combate à violência doméstica. Para finalizar com chave de ouro rolou uma apresentação das ações possíveis e se discutiu o sentido do uso do lambe-lambe, onde as mulheres aprenderam a fazer o cartaz, preparar a cola e como colar os lambes na comunidade depois.
O ciclo de diálogo contou com a parceria do CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviço, Escola de Formação Quilombo dos Palmares e SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia.